A ESCRITA DA HISTÓRIA: TENDÊNCIAS E DEBATES


Leia com atenção o fragmento a seguir:

A teoria tropológica implica que não devemos confundir “fatos” com “eventos”. Os eventos acontecem, os fatos são constituídos pela descrição linguística. O modo da linguagem usado para constituir os fatos pode ser formalizado e governado por regras, como nos discursos científicos e tradicionais; pode ser relativamente livre, como em todo discurso literário “modernista”; ou pode ser combinação de práticas discursivas formalizadas e livres. (WHITE, Hayden. Teoria Literária e Escrita da História. In: Estudos Históricos, Rio de Janeiro vol. 7, n° 13, 1991, p.15)

O historiador norte-americano Hayden White, em sua análise sobre a escrita da História, propôs uma teoria "meta-histórica" por meio do diálogo entre a história e teoria literária. A partir da meta-história, ele considera a historiografia como:


literatura, pois o texto histórico não precisa se preocupar com o real, podendo utilizar-se de linguagens poéticas em sua escrita.


imaginação, pois o historiador tem liberdade de recriar os fatos, a partir de uma linguagem poética, de acordo como ele imaginou ter ocorrido.

 


ficção, pois o historiador ao escrever os fatos recria-os a partir de sua interpretação, sem se preocupar com a realidade dos fatos.

 


narrativa, pois o historiador utiliza de estilos retóricos de linguagem para construir o texto histórico.


metáfora, pois o texto histórico não trata da realidade em si, mas daquilo que o historiador quer demonstrar por meio de uma linguagem comparativa.

 

Um dos trabalhos mais importantes de Carlo Ginzburg é a obra O queijo e os vermes, na qual ele investiga as ideias de um único homem, o moleiro Menocchio, e seu julgamento pela Inquisição no século XVI. Pode-se afirmar que o trabalho de Ginzburg apresenta uma:


teoria e um método que negam a dimensão do vivido e o tempo curto.


forte tendência positivista devido à ênfase nos documentos.


crítica ao método quantitativo. 


vertente historiográfica ligada ao Marxismo.


escrita da história baseada nos aspectos econômicos e sociais.

Ao tratar da concepção de infância, Philippe Ariès afirma que a sociedade medieval ignorava a infância e sua inserção na sociedade se dará a partir da modernidade. A criança pouco ou raramente era abordada pela história, apesar de sempre existir em todos os contextos históricos. A construção da criança e da família numa concepção social é uma proposta historiográfica recente, que tem por metodologia:

 


O recorte de curta duração. 


A análise socioeconômica.


O tempo de longa duração.


A relação história e literatura.


O estudo das mentalidades.

O termo “História Nova” ou “Nova História” passou a ser utilizado na década de 1980 por historiadores que buscaram uma renovação no modo de se escrever e interpretar a História.

Em termos teórico-metodológicos, qual a definição pode-se atribuir à Nova História?


Uma história linear, factual e que aborda os grandes temas culturais.


Uma renovação da historiografia positivista, que aborda não só os grandes acontecimentos políticos, mas também os sócio-culturais.


Uma história que privilegia a interdisciplinaridade, a longa duração, temas relacionados ao cotidiano e às sensibilidades.


Uma história estruturalista, voltada para os temas econômicos.


Uma história que privilegia os estudos sócio-econômicos, a luta de classes e os conflitos sociais.

A concepção de tempo histórico apresentada por Braudel no seu artigo A Longa Duração, publicado em 1958, levou muitos historiadores a dedicarem suas pesquisas a determinados objetos de estudo.

O principal objeto de análise da 2ª geração dos Annales foi:

 


A política oficial do Estado.


As transformações promovidas pelas classes dominantes.


As estruturas econômicas e sociais.


A história da filosofia.


A história das guerras.

A pesquisa em História está relacionada à escolha de temas específicos, feita pelo historiador. Nesse sentido, sabe-se que o contexto histórico do presente, ao qual o historiador faz parte, é fundamental nessa escolha. Diante dessa afirmação, assinale a alternativa CORRETA:


O historiador deve se manter neutro em relação ao seu objeto de pesquisa.


A produção historiográfica deve apresentar objetividade e deve eximir-se de subjetividade.


O historiador deve revelar, em sua pesquisa, o seu próprio julgamento.


A produção historiográfica revela não só a objetividade científica, mas também a subjetividade do historiador.


A história é uma ciência que se ocupa com o passado e não deve se deter no presente.

A história das mentalidades, em um determinado momento, passou a virar “moda” nas academias francesas. Tal fato levou essa nomenclatura, “mentalidades”, ao desgaste diante de inúmeras críticas de seus opositores e até mesmo por historiadores “de dentro” dessa linha de pesquisa. Tais críticas se devem principalmente:


Ao surgimento de trabalhos sem preocupação com a questão social.


À decadência teórico-metodológica dos Annales.


À despreocupação com a política e, consequentemente, com a ideologia.


Ao surgimento de produções sem sustentação teórica, com finalidade apenas de narrar alguma “curiosidade” do passado.


À impossibilidade de análise dessa categoria.

Com a ampliação da noção de fonte documental, trazida pela Nova História, as fontes visuais (fotografia, cinema, pintura, escultura, arquitetura, etc.) passaram a ter um papel relevante na pesquisa em História. Quando o historiador se utiliza de tais fontes é importante que ele recorra à interdisciplinaridade para compreender melhor tais imagens. De acordo com a leitura do capítulo em estudo desta semana, você já sabe que há determinadas ciências voltadas para o estudo da imagem.  Nesse sentido, é correto afirmar que a iconografia e a iconologia são caracterizadas, respectivamente:


A primeira diz respeito às imagens alegóricas, a segunda diz respeito à arte de representar por imagens.


A primeira propõe uma análise estrutural e semiológica, a segunda prioriza o confronto entre arte e texto.


A primeira refere-se ao estudo do imaginário, a segunda interessa-se pela representação da imagem.


A primeira prioriza o confronto entre arte e texto, a segunda propõe uma análise estrutural e semiológica.


A primeira estuda os fenômenos culturais como sistemas de signos, a segunda trata do conhecimento e da descrição de imagens.

A obra O imaginário medieval, escrita pelo historiador Jacques Le Goff, está relacionada à emergência de qual das correntes historiográficas:


à 3ª fase dos Annales e à História das mentalidades.


ao positivismo e à História política tradicional.


à historiografia marxista inglesa de Hobsbawn e Thompson.


aos estudos de economia e demografia propostos por Fernand Braudel.


aos trabalhos de Ginzburg sobre micro-história.

A história das mulheres é um tema recente para a historiografia. Pode-se dizer que este tema surgiu devido principalmente às seguintes circunstâncias históricas:


Necessidade histórica das próprias mulheres que resolveram denunciar as opressões por elas sofridas.


Consciência dos homens do novo papel das mulheres nas sociedades contemporâneas.


Inovação nas pesquisas historiográficas a partir da Escola dos Annales, no final da década de 1920.


Surgimento de historiadoras que se destacaram na pesquisa de gêneros.


Construção de novos paradigmas que possibilitaram a participação das mulheres na vida pública.

Páginas: 1234